Novo projeto deve incentivar participação de Pessoas com Deficiência no mercado de trabalho

O direito ao trabalho está garantido em lei no artigo 23 da Constituição. Apesar dessa e outras leis que estabelecem cotas para pessoas com deficiência, o campo do mercado de trabalho para elas ainda é pequeno no Brasil. Prova disso são os dados divulgados pelo IBGE, através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD): Pessoas com Deficiência 2022, em que apenas 26% das PCD encontraram espaço no mercado. 

A rede Apae através de suas diretorias, planos e ações vem investindo na mudança desse cenário. A unidade de Aracaju agrega a esse movimento e dá início ao projeto “Trabalho Assistido”, que tem como objetivo preparar e incentivar a participação dos assistidos no mercado de trabalho. Para desenvolver essa ação e colocá-la em prática, a Apae Aracaju irá contar com auxílio da equipe da Federação das Apaes de Sergipe (Feapaes/SE). 

De forma geral, a unidade de Aracaju já realizava esse acompanhamento e incentivo da participação dos seus usuários no trabalho. A instituição já realizou palestras e ações tanto com as famílias quanto com empresas parceiras. “Nas nossas rodas de conversa temos todo esse cuidado em estar informando as mães e os familiares dos nossos usuários sobre a importância do trabalho para eles. A gente explica as garantias de direitos que eles têm, as vantagens, porque vai além da questão financeira. O trabalho vai preparar eles para uma maior autonomia e independência, para que eles, no futuro, saibam se virar sozinhos, administrar o seu próprio dinheiro e ter uma vida digna como qualquer cidadão.”, explica Ingrid Waleska, coordenadora de Assistência Social da Apae Aracaju. 

Foi em uma dessas ações que  David Santos, assistido com deficiência intelectual, conseguiu a sua vaga de emprego em uma das maiores redes de farmácia do Brasil. Ele exerce a função de assistente operacional, trabalha meio período com carteira assinada e recebe  todos os benefícios de um funcionário celetista. Rosana Freitas, gerente da farmácia em que ele trabalha, diz o quanto David evoluiu pessoalmente e profissionalmente depois que começou a trabalhar.

“Todos da equipe notamos uma constante evolução comportamental em relação ao David. Ele é um funcionário totalmente integrado no relacionamento com os colegas de equipe e com o trabalho que desenvolve. Quando iniciou o trabalho conosco era bem tímido e notamos mais dificuldade na comunicação. Hoje, percebemos ele até ajudando os clientes em alguns momentos quando precisam encontrar algum produto em específico e o abordam, e quando ele não consegue resolver, já chama um colega para ajudá-lo.” relata Rosana, gerente farmacêutica. 

Outro assistido da Apae Aracaju que também é bastante elogiado pela equipe de trabalho é o Luiz Roberto, que é funcionário de um minimercado há mais de 20 anos. “O Luiz é um funcionário que agrega muito. Apesar da deficiência dele, ele não é nada limitado. É prestativo, interage bem com os clientes, com os colegas de trabalho, sempre ativo dentro do horário. Não tem dependência alguma e mesmo com uma certa dificuldade de dicção ele se comunica bem com todos. Temos muita sorte de ter ele em nossa equipe.” diz  Cláudia Alcântara, supervisora geral de vendas. 

"É gratificante ver os resultados do nosso compromisso com a inclusão na Apae Aracaju. Os exemplos de sucesso, como os de David e Luiz Roberto, mostram como o trabalho não só traz sustento, mas também fortalece a autoestima e promove a integração social. Com a parceria da Federação das Apaes de Sergipe, através desse projeto de 'Trabalho Assistido", estamos planejando ações concretas para capacitar e conscientizar sobre os direitos das pessoas com deficiência", frisou o Presidente da Apae Aracaju, Carlos Mariz.

Durante a reunião entre a unidade de Aracaju e a Federação estadual sobre o projeto Trabalho Assistido, algumas ações foram planejadas para dar início ao engajamento a emprego para PCDs. Ambas compartilham da ideia de que o trabalho ajuda no desenvolvimento e na independência desses jovens e adultos com deficiência. “O objetivo é promover a inclusão social e a autonomia dessas pessoas, possibilitando que elas exerçam atividades laborais de forma independente e contribuam para a sociedade.O trabalho conjunto da Federação Estadual com as unidades, além de fortalecer o vínculo  instituição/assistido/família, irá também, conscientizar os assistidos e familiares, sobre a importância deles exercerem plenamente sua cidadania. Todos participarão de oficinas profissionalizantes.” conclui a presidente da Feapaes SE, Drª Mônica Souza. 

“A Coordenação de Trabalho, Emprego e Renda da Federação das Apaes do Estado de Sergipe, tem o objetivo de aproximar as pessoas com deficiência das oportunidades de trabalho por meio de ações e projetos, garantindo acesso às políticas públicas de trabalho, emprego e renda, por meio da qualificação profissional e de oportunidade de inserção do mercado de trabalho. Dessa forma, em sua atuação promove o desenvolvimento das potencialidades e habilidades dos assistidos pela rede APAE, ressignificando sua passagem e trajetória em nossa rede, proporcionando assim a sua independência econômica, autonomia, autoestima e qualidade de vida.” ressalta Mayara Reis, coordenadora de Trabalho, Emprego e Renda da Feapaes SE.